16 de setembro de 2020

A falta de professores agudiza-se, uma vez que é a única administração pública [do país] que não limita a contratação sucessiva.

Sindicatos alertam para falta de docentes em alguns grupos

 Paula Gouveia
 

As aulas começaram ontem na Região, ainda com professores por colocar em algumas escolas, numa altura em que, na lista de candidatos ao concurso docente, já não existem professores disponíveis para algumas disciplinas, alertam os sindicatos que representam os docentes.
Os dirigentes sindicais chamam a atenção, em declarações à Açores/TSF, que, na Bolsa de Emprego Público dos Açores (BEPA), foram disponibilizadas nas últimas semanas dezenas de horários, alguns deles horários completos, uma situação que resulta do facto de já não haver professores disponíveis em alguns grupos de recrutamento da lista centralizada de candidatos ao concurso docente.
António Lucas, do Sindicato dos Professores da Região Açores (SPRA), teme que, por isso, as escolas venham a ser confrontadas com “falta de professores” de determinadas disciplinas. Ricardo Batista, do Sindicato Democrático dos Professores da Região Açores (SDPA), deixa o mesmo alerta: “podemos verificar que temos grupos de recrutamento em que já não existe qualquer professor disponível na lista de não colocados para substituir um colega, caso seja necessário. E temos grande parte dos grupos de recrutamento em que há menos de cinco professores disponíveis – e muitos destes já estão em funções noutras regiões do país”.
O dirigente sindical diz que, por essa razão, “a partir de agora uma das grandes preocupações que nós temos é se os alunos vão ficar sem aulas porque não há professores para substituições”.
Como explicou Ricardo Baptista, “esta situação obriga as escolas a recorrer à Bolsa de Emprego Público”, onde o sindicato contou “mais de meia centena de horários anuais”, de entre os quais horários completos, mas também horários de 15 horas, um facto que, para o SDPA, “é absolutamente inadmissível, uma vez que este salário não é suficiente para a sobrevivência de um professor deslocado, seja de outra ilha, seja do exterior da Região”.
Na opinião de Ricardo Baptista, do SDPA, “é notória a falta de investimento para este ano letivo 2020/2021, aliás sem precedentes”. E, “a opção pela contenção em recursos humanos trará prejuízo para a educação, ainda mais num ano em que estamos a aguardar com ansiedade que as crianças cheguem à escola para perceber qual é a recuperação de aprendizagens que as crianças e jovens que vão ter de fazer. E essa recuperação de aprendizagens só se faz com recursos humanos”, sustentou, em declarações à Açores/TSF.
Para o sindicato, “a falta de professores agudiza-se, uma vez que é a única administração pública [do país] que não limita a contratação sucessiva”. “A discriminação negativa que a Região Autónoma dos Açores faz aos professores contratados quando não garantem a abertura de lugar de quadro para quem tem mais de duas contratações reflete esta situação complicada: no início das aulas, temos muitos horários disponíveis na BEPA, o que significa que o concurso centralizado já não consegue dar resposta”. “O governo regional continua a insistir na contratação a termo resolutivo como regra, quando esta deveria ser entendida à semelhança das duas outras administrações, quer da Região Autónoma da Madeira, quer do Ministério da Educação, como uma excecionalidade”, repara Ricardo Baptista.
Tal como António Lucas, Ricardo Baptista alerta que a situação poderá agravar-se, tendo em conta que os docentes que pertencem a grupos de risco não poderão ficar em regime de teletrabalho. Por essa razão, “haverá docentes que vão para casa com atestado médico”.
Para o SPRA, “se é admissível o teletrabalho durante 14 dias para os docentes que vêm do exterior, não encontramos nenhuma explicação para que os docentes do grupo de risco também não possam fazer teletrabalho”, defendeu António Lucas, em declarações à Açores/TSF. ♦

Fonte: Açoriano Oriental | 16-09-2020


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